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Uma das capas mais icônicas de todos os tempos, para um dos melhores álbuns de rock já criados, o Unknown Pleasures, do Joy Division.

Álbum de estreia do Joy Division, uma das principais e inovadoras bandas de post-punk da época, gravado em 1979 pela Factory Records, no Strawberry Studios, na Inglaterra. O álbum se tornou famoso tanto pela sua música, como pela sua capa.

Imagem da capa do álbum Unknown Pleasures

A capa, que se tornou mundialmente conhecida, representa sinais de rádio captados pelo Radiotelescopio de Arecibo, a primeira estrela de neutrons observada, a pulsar CP 1919. Foi identificada pela primeira vez por Harold D. Craft Jr., no final dos anos 60 e publicada em sua tese de doutorado em 1970 chamada “Observações de rádio dos perfis de pulso e medidas de dispersão de doze pulsares”. São 80 linhas ondulantes e o pulsar de onde foi gravado ficava a poucos quilômetros de onde a banda gravou o disco. Na época não se sabia por que alguns pulsares emitiam radiação em padrões definidos. Mas mais recentemente pudemos determinar que são partículas criadas por descargas elétricas, causadas por ‘relâmpagos’ produzidos no espaço, mas que ainda são um enigma do universo.

Imagem: “The Cambridge Encyclopedia of Astronomy”, de 1977 / por Harold D. Craft Jr.

Foi o guitarrista(e curiosamente também designer gráfico na época) Bernard Summer, que descobriu a imagem publicada no livro “The Cambridge Encyclopedia of Astronomy”, de 1977, e levou-a ao também designer Peter Saville junto com uma outra opção — a de uma também enigmática mão emergindo por trás de uma porta escura, tirada de um livro de fotos de 1970 por Ralph Gibson. Saville então selecionou a imagem do pulsar e inverteu suas cores(a banda não queria isso, mas Saville percebeu que desta forma a capa teria muito mais impacto), de um fundo branco com a imagem em preto, para o famoso fundo preto e imagem em branco e a aplicou na capa do álbum. O mais interessante era que o disco não tinha o nome da banda e muito menos o nome do álbum, e em uma época pré internet, causou muita curiosidade quando lançado.

Peter Saville em seu estúdio / Crédito Flickr

Peter Saville

Nascido em 1955 em Manchester, Peter Saville é um dos mais famosos e premiados designers britânicos. Pela gravadora Factory Records, além do Joy Division, criou capas para diversas outras bandas da época, como o Suede, OMD, Pulp, Roxy Music, Peter Gabriel, Ultravox, New Order(que se formou após o fim do Joy Division, depois do suicídio de Ian Curtis, o vocalista) e muitas outras, criando principalmente capas de álbuns. Seu trabalho minimalista foi fonte de inspiração para muitos outros designers, que na época tinham como fonte de referência as capas dos álbuns de seus artistas favoritos.

"No mundo real do design gráfico, o trabalho é sobre as outras pessoas [os clientes], não sobre você. Em quase toda forma de trabalho comissionado, ninguém quer saber o que aquilo significa pra você. Mas essas capas tinham a ver com o que eu queria fazer e, subconscientemente, eram sobre mim e para onde eu estava indo"

Peter SavilleDesigner Gráfico
Peter Saville em seu estúdio / Crédito Flickr

Unknown Pleasures é um álbum que ajudou a moldar não somente um estilo musical ou estético, mas principalmente uma cultura artística e moderna que influencia ainda muitas gerações.

Ah, e sobre Harold D. Craft Jr., o estudante que descobriu a as ondas de rádio, somente muitos anos depois que ele encontrou seu trabalho científico na capa do Unknown Pleasures e comentou: “fui à loja de discos e, filho da mãe, lá estava. Comprei um álbum e um pôster também, sem nenhum motivo específico, exceto que é a minha imagem , e eu devo ter uma cópia dele.”

Peter Saville falando sobre o projeto Unknown Pleasures – crédito: Eric Klotz – Youtube