Dieter Rams, chefe de design de produto da Braun de 1955 a 1997, criou rádios, calculadoras, relógios, utensílios de cozinha, móveis e muitos outros objetos de uma forma totalmente funcional e minimalista.
Seus produtos foram e ainda são referências para grandes empresas, como a Apple, por exemplo, que introduziu muitos dos conceitos de Rams em praticamente toda a sua linha de produtos.
Suas criações seguiram sempre à risca o ideal de que a forma segue a função, princípio do design funcionalista. Pode parecer simples, mas a simplicidade é bem diferente da facilidade. Na verdade acontece o oposto, já que para chegar à simplicidade, o trabalho para sintetizar elementos necessita de esforço e trabalho intenso.
Manual de uso? Que nada. Os produtos criados por Rams são auto explicáveis, seus botões e mostradores convidam em vez de exigirem ajustes e suas cores e texturas atendem suavemente a esses fins. Tudo é criado e pensado para que o usuário possa automaticamente entender seu funcionamento. Cada refinamento encontra maneiras mais eficazes de usar processos industriais e otimizar o material.
Disciplina é a palavra-chave, algo que Rams usa para expressar a restrição que um designer deve exercer para “omitir o que não é importante” e retornar à simplicidade, eliminando o ego do designer. Desta forma ele cria produtos duráveis, de alta qualidade, exatamente o oposto da sociedade consumista onde nada é durável e tudo é descartável. Quem disse que sustentabilidade, estética e consumo consciente não podem estar juntos?
Vivemos em uma luta contra o excesso, o desperdício, a poluição e a destruição do meio ambiente. Desde que se aposentou, Rams continuou a defender esses valores vigorosamente em ensaios, entrevistas e exposições, reafirmando que o design deve servir e não dominar as pessoas, e que deve nos ajudar a nos sentirmos confortáveis com menos coisas. O design também deve também orientar o pensamento ético.
Dieter Rams sabe que precisamos criar objetos úteis e agradáveis a serviço das pessoas e do planeta. Ele elaborou uma lista com os 10 princípios do bom design(veja abaixo) onde escreveu que a qualidade estética de um produto é um aspecto integrante de sua utilidade, pois os aparelhos que usamos diariamente têm impacto em nosso ambiente pessoal e influenciam nossa sensação de bem-estar e que uma coisa só pode ser bela se for bem feita.
Os 10 princípios do bom design, segundo Dieter Rams
No final dos anos 70, Dieter Rams estava cada vez mais preocupado com o estado do mundo ao seu redor: “Uma confusão impenetrável de formas, cores e ruídos”. Ciente de também contribuia significativamente para isso, ele se perguntou: meu design é um bom design? Sua resposta é expressa em seus dez princípios para um bom design.
1. Bom design é inovador
As possibilidades de inovação não estão, de forma alguma, esgotadas. O desenvolvimento tecnológico está sempre oferecendo novas oportunidades de design inovador. Mas o design inovador sempre se desenvolve em conjunto com a tecnologia inovadora e nunca pode ser um fim em si mesmo.
2. Um bom design torna um produto útil
Um produto é comprado para ser usado. Deve satisfazer certos critérios, não só funcionais, mas também psicológicos e estéticos. Um bom design enfatiza a utilidade de um produto, ao mesmo tempo que desconsidera qualquer coisa que possa prejudicá-lo.
3. Bom design é estético
A qualidade estética de um produto é fundamental para sua utilidade, porque os produtos que usamos todos os dias afetam nossa pessoa e nosso bem-estar. Mas apenas objetos bem executados podem ser bonitos.
4. Um bom design torna um produto compreensível
Ele esclarece a estrutura do produto. Melhor ainda, pode fazer o produto falar. Na melhor das hipóteses, é autoexplicativo.
5. Um bom design é discreto
Os produtos que cumprem um propósito são como ferramentas. Não são objetos decorativos nem obras de arte. Seu design deve, portanto, ser neutro e restrito, para deixar espaço para a autoexpressão do usuário.
6. Bom design é honesto
Não torna um produto mais inovador, poderoso ou valioso do que realmente é. Não tenta manipular o consumidor com promessas que não podem ser cumpridas.
7. Bom design é duradouro
Evita estar na moda e, portanto, nunca parece antiquado. Ao contrário do design moderno, dura muitos anos – mesmo na sociedade descartável de hoje.
8. Um bom design é minucioso até o último detalhe
Nada deve ser arbitrário ou deixado ao acaso. O cuidado e a precisão no processo de design mostram respeito para com o usuário.
9. Um bom design é amigo do ambiente
O design dá uma importante contribuição para a preservação do meio ambiente. Ele conserva recursos e minimiza a poluição física e visual durante todo o ciclo de vida do produto.
10. Bom design é o mínimo possível
Menos, mas melhor – porque se concentra nos aspectos essenciais, e os produtos não são sobrecarregados com o não-essencial. De volta à pureza, de volta à simplicidade.