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Dieter Rams, chefe de design de produto da Braun de 1955 a 1997, criou rádios, calculadoras, relógios, utensílios de cozinha, móveis e muitos outros objetos de uma forma totalmente funcional e minimalista.

Seus produtos foram e ainda são referências para grandes empresas, como a Apple, por exemplo, que introduziu muitos dos conceitos de Rams em praticamente toda a sua linha de produtos.

Suas criações seguiram sempre à risca o ideal de que a forma segue a função, princípio do design funcionalista. Pode parecer simples, mas a simplicidade é bem diferente da facilidade. Na verdade acontece o oposto, já que para chegar à simplicidade, o trabalho para sintetizar elementos necessita de esforço e trabalho intenso.

Foto: Braden Kowitz – Flickr

Manual de uso? Que nada. Os produtos criados por Rams são auto explicáveis, seus botões e mostradores convidam em vez de exigirem ajustes e suas cores e texturas atendem suavemente a esses fins. Tudo é criado e pensado para que o usuário possa automaticamente entender seu funcionamento. Cada refinamento encontra maneiras mais eficazes de usar processos industriais e otimizar o material.

Disciplina é a palavra-chave, algo que Rams usa para expressar a restrição que um designer deve exercer para “omitir o que não é importante” e retornar à simplicidade, eliminando o ego do designer. Desta forma ele cria produtos duráveis, de alta qualidade, exatamente o oposto da sociedade consumista onde nada é durável e tudo é descartável. Quem disse que sustentabilidade, estética e consumo consciente não podem estar juntos?

Foto: Braden Kowitz – Flickr

Vivemos em uma luta contra o excesso, o desperdício, a poluição e a destruição do meio ambiente. Desde que se aposentou, Rams continuou a defender esses valores vigorosamente em ensaios, entrevistas e exposições, reafirmando que o design deve servir e não dominar as pessoas, e que deve nos ajudar a nos sentirmos confortáveis ​​com menos coisas. O design também deve também orientar o pensamento ético.

Dieter Rams sabe que precisamos criar objetos úteis e agradáveis ​​a serviço das pessoas e do planeta. Ele elaborou uma lista com os 10 princípios do bom design(veja abaixo) onde escreveu que a qualidade estética de um produto é um aspecto integrante de sua utilidade, pois os aparelhos que usamos diariamente têm impacto em nosso ambiente pessoal e influenciam nossa sensação de bem-estar e que uma coisa só pode ser bela se for bem feita.

Foto: Marcin Wichary – Flickr

Os 10 princípios do bom design, segundo Dieter Rams

No final dos anos 70, Dieter Rams estava cada vez mais preocupado com o estado do mundo ao seu redor: “Uma confusão impenetrável de formas, cores e ruídos”. Ciente de também contribuia significativamente para isso, ele se perguntou: meu design é um bom design? Sua resposta é expressa em seus dez princípios para um bom design.

1. Bom design é inovador

As possibilidades de inovação não estão, de forma alguma, esgotadas. O desenvolvimento tecnológico está sempre oferecendo novas oportunidades de design inovador. Mas o design inovador sempre se desenvolve em conjunto com a tecnologia inovadora e nunca pode ser um fim em si mesmo.

2. Um bom design torna um produto útil

Um produto é comprado para ser usado. Deve satisfazer certos critérios, não só funcionais, mas também psicológicos e estéticos. Um bom design enfatiza a utilidade de um produto, ao mesmo tempo que desconsidera qualquer coisa que possa prejudicá-lo.

3. Bom design é estético

A qualidade estética de um produto é fundamental para sua utilidade, porque os produtos que usamos todos os dias afetam nossa pessoa e nosso bem-estar. Mas apenas objetos bem executados podem ser bonitos.

4. Um bom design torna um produto compreensível

Ele esclarece a estrutura do produto. Melhor ainda, pode fazer o produto falar. Na melhor das hipóteses, é autoexplicativo.

5. Um bom design é discreto

Os produtos que cumprem um propósito são como ferramentas. Não são objetos decorativos nem obras de arte. Seu design deve, portanto, ser neutro e restrito, para deixar espaço para a autoexpressão do usuário.

Foto: Braden Kowitz – Flickr

6. Bom design é honesto

Não torna um produto mais inovador, poderoso ou valioso do que realmente é. Não tenta manipular o consumidor com promessas que não podem ser cumpridas.

7. Bom design é duradouro

Evita estar na moda e, portanto, nunca parece antiquado. Ao contrário do design moderno, dura muitos anos – mesmo na sociedade descartável de hoje.

8. Um bom design é minucioso até o último detalhe

Nada deve ser arbitrário ou deixado ao acaso. O cuidado e a precisão no processo de design mostram respeito para com o usuário.

9. Um bom design é amigo do ambiente

O design dá uma importante contribuição para a preservação do meio ambiente. Ele conserva recursos e minimiza a poluição física e visual durante todo o ciclo de vida do produto.

10. Bom design é o mínimo possível

Menos, mas melhor – porque se concentra nos aspectos essenciais, e os produtos não são sobrecarregados com o não-essencial. De volta à pureza, de volta à simplicidade.

Foto: Braden Kowitz – Flickr